terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A mim, o espelho rosnava ameaçador.
Quisera eu partir-lhe o reflexo em mil cacos.
Mas de tal fúria, nasceriam mil lobos.
Todos de dentes postos à rubra carne crua.

De súbito, surge a calma das palavras.
Intimidando o canino com o cheiro das flores.
Nada mais que música, o eterno mantra universal.
Nascido do bater das Asas de Poemas.

Era de Lobo

Por qual via o lobo é lobo?
Recosto-me na poltrona
Rogo da sarjeta: Salve Manson!
Pegando um pequeno macaco pela mão
“É assim que se faz. Coca-Cola em um só gole.”

Por qual via o homem é homem?
Transcendendo minh’alma do caos ao gozo.
Prego da tribuna: Louvai a Cristo!
Pegando um pequeno demente pela mente
“É assim que se faz. Amém”.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Começo apenas com perguntas:
te sentastes em um divã?
Já te perguntastes do risco?
Já encarastes mesmo Cristo?
Teu deus é de barro, papel e ideologia.
Teu cristo é Estado.
E como este, ficto e imortal.
É o Grande Irmão
Sempre temendo à nova revolução
Amarrado rusticamente ao trono
Enquanto lá fora é Caos
Poucos têm na mente um templo
A senha para o espírito.
Por atingir a iluminação, então se ganha este posto?
O de Deus dos tolos e cegos?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

15/12

Sangro odores desta vida
Em qualquer das minhas almas
Reviro a noite terna
E em seu avesso enxergo um sol
Um belo sol japonês
Que clareia sem queimar o homem
E arde, mesmo sob a égide da sombra,
Este lobo descompassado ao ritmo do mundo.
Volto agora à noite, nova e fresca.
Arreganho os dentes, rosnando a todos.

Tenho eu mil almas.
Teria mesmo vontade de persistir nos dias
Se compreendesse ao menos uma delas.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Eu e o Cão

Vamos para Marte.
E.T's nós somos aqui.
Escalaremos os anos-luz
Para vomitar poesia
De lá de cima.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Rosa Terra

Em primeiro lugar:
De partires para longe dos meus cuidados
Não lhe assistia direito.


E ainda te atreves a ser feliz!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A clarear manhãs
No desencanto de seu canto
O rouxinol hare krishna voa só
Bebendo a vida em poucos goles
Direto do olho d'água

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Naquele tempo éramos deuses.
De nós mesmos e uns dos outros.
Fomos uns dos outros, talvez mais que deuses.

A constância dos hábitos transviados
Não cresceu. Atrofiou-se no calendário.
Sou agora um mero ateu, nada de deuses.

Éramos caretas. Depois descobri.
Haviam os outros, mais loucos, e nós.
Eu era eu. Vocês eram dos outros.

Fomos loucos para mim.
E ainda há o álbum de nós, como deuses.
Enquanto, caretas, estão fotografados os seus outros.

Cultua os seus loucos.
E aos poucos.
Morremos
De caretas que fomos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

SIN(sim.)-CER(ser)-IDADE.

Cabelo, cabeleira:
Preta, amarela vermelha.
Inconseqüência:
Bela rosa morena.
Cigarro. Magro:
Pálido de longos louros.
Grande e medonho ser:
Puro de coração.
E... Eu:

Se saudade fizesse voltar,
Eu nada mais seria
Que aquele eu de antes,
Ou um óvulo fecundo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Maior que a alma.

Do caos, uma liberdade efémera.
Asas. Poética maior que a alma.
Poder em combustão, confusão, colisão.
Preciso rever velhos amigos.
Preciso beber algo.
Antes que eu durma de novo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sombrear/ Conversas

Posta no balcão espera uma xícara.
Enquanto sobre a madeira
A luz lhe molda uma gêmea.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Fotografia.

Um mantra sagrado
Sob o silêncio do pecador.
Ofusca no asfalto molhado
O tom de um rosto amarrotado
Pelo tempo, seu senhor.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Um risco inimigo no espaço
É um maço de câncer, um traço.
É um trago, um pulmão em estilhaços
De quem vê o que quer e não deve
De quem pode querer que em breve
O que serve de idéia e abrigo,
Queime brando e o leve consigo.
GUILHOTINA


INSPIRA MEU TEMOR SEU NOME.
MAS AMIGA, VÁ SEM CALMA,
ME TRANSPASSE PELA ALMA
ANTES QUE A DOR ME TOME.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

De cima, bem de cima, eu vi.
Vi as luzes ao redor da cidade,
E vi as pessoas envoltas em pranto.

De baixo, do mais profundo, eu li.
Sobre os grandes que cediam à luxúria,
E li sobre tratamentos de choque.

E depois da poeira da estrada,
E dos meses em off,
Vi que há mais beleza na contemporaneidade
Do português futilmente globalizado ou qualquer baixaria similar,
Do que na inércia proposital de uma mente fértil.
Não consigo letrar músicas.
Não consigo musicar letras.
Não consigo poetizar palavras.
Não consigo palavrear poesias.


A fonte secou?