sábado, 13 de outubro de 2007

Pássaro cativo


Sempre que sou obrigado a esquecer, tenho que desenrolar o lenço em que guardo minhas lembranças para depositar ali mais uma delas. Eu sinto o cheiro de guardado dos recortes do passado, e acabo me machucando no corte fino destes papéis. Queimaria sem pesar, este lenço, com você e seus falsos sentimentos por mim, se tão fácil fosse esquecer por completo, e se eu não percebesse que sofrer de amor é as vezes uma sensação agradável e bonita. O que você não sabe, é que nunca vai conseguir sair de mim, do meu lenço guardado onde embrulho dores.E no seu espanto(ao refletir que dali nunca poderá sair) dirá: Não tem o direito de prender-me assim, onde já se viu tamanho absurdo? _ E já consolado, te responderei: O mesmo direito que teve você de me libertar, depois de ter me criado enjaulado em seu coração. Pássaros cativos, minha amada, não voam para a liberdade, pois esta é também, sem dúvida alguma, seu último vôo.

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